Culea Nomás
- Leopoldo Paulino

- 27 de dez. de 2021
- 1 min de leitura

Em fevereiro de 1970 consegui sair do Brasil com documento falso, logrando escapar dos agentes da ditadura.
Fui para o Chile, país que me recebeu da melhor forma possível, como acolhia todos os refugiados políticos das ditaduras militares latino –americanas.
Em Santiago morei em algumas casas contando com a solidariedade de companheiros chilenos e brasileiros e no início de abril prestei concurso público para uma cadeira de professor de música na Universidade de Chile, sede Ñuble, na cidade de Chillán.
Aprovado, mudei para aquela simpática cidade e iniciei meu trabalho como professor universitário naquela prestigiada instituição de ensino.
Apresentado aos alunos iniciei as aulas de metodologia Especial da Música, desculpando – me por não dominar ainda o idioma e contando com o apoio de estudantes e professores.
Certo dia dava aulas em uma sala com presença majoritariamente feminina, que chegava a 90% dos alunos.
Na época eu estava com 19 anos de idade e na ocasião uma estudante de faixa etária semelhante pediu licença para me mostrar um trabalho seu.
Pedi que ela viesse à frente da sala e a moça se aproximou abrindo seu caderno, exibindo-me um desenho pornográfico.
Ao mesmo tempo olhou para trás em direção a algumas colegas que riam, certamente conhecendo o conteúdo da página que me era mostrada.
Fiquei roxo e sem ação, estampando um forçado sorriso sem saber o que dizer.
Terminada a aula dirigi-me à diretoria e fui falar com meu amigo Júlio Stuardo, vice-reitor da Universidade e dirigente do Partido Socialista Chileno.
Contei-lhe a história e disse que não sabia como proceder nesse caso, quando Júlio deu risada e me disse:
- Culea no más!
Leopoldo Paulino.







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